O sociólogo, sindicalista e ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, afirmou, nesta quinta-feira (9), durante painel no curso Os Desafios para a Intervenção Política e Sindical: Teoria e Prática que é estratégico se investir em formação e comunicação para se disputar hegemonia na sociedade. “Estamos perdendo a batalha das ideias para o individualismo”, resumiu. Henrique falou ainda das consequências do golpe, dos retrocessos apresentados e dos desafios da esquerda brasileira.
Na opinião do sindicalista, os meios de comunicação iludem a população e não permitem uma verdadeira informação sobre a situação do País. “Há uma dificuldade de mobilizarmos para aquilo que não está na agenda cotidiana da população, pois a comunicação tenta passar a ideia de que tudo o que esta acontecendo é para retirar o país do vermelho, com medidas de ajuste drástico e com muita rapidez. A pressa é porque se as pessoas não começarem a enxergar rapidamente resultados na economia, vão perceber o verdadeiro sentido do golpe”, resumiu.
Ele fez uma leitura bastante crítica da postura do movimento sindical nos últimos anos, que, na sua opinião, se acomodou. “Temos que voltar a fazer um trabalho de organização de base, formação sindical e política, para conhecimento do perfil da classe trabalhadora. Nossas entidades sindicais precisam inserir novas linguagens para atrair jovens para a luta sindical”, disse. “Necessitamos ouvir e conhecer mais os corações e mentes da classe trabalhadora. Se não conquistarmos essa juventude, vamos perder a disputa para a ideia do empreendedorismo individual”, complementou.
Artur Henrique criticou a dispersão das esquerdas e defendeu a unificação de demandas. “É necessário unidade para enfrentar os ataques que estamos sofrendo. Iniciativas como a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo tiveram êxito em juntar diferentes movimentos par resistir ao golpe”, exemplificou. “O que está em jogo não é só acabar com o PT, nem com a candidatura do Lula. É acabar com qualquer forma de resistência democrática, popular e de esquerda.”
O elevado índice de 12 milhões de desempregados no País dificulta as mobilizações e a realização de greves, segundo Henrique, já que ninguém quer perder seu emprego. E, enquanto isso, o governo ilegítimo avança rapidamente na pauta de retrocessos. “O problema dos 65 anos é o menor da reforma da previdência. O verdadeiro problema é que eles vão acabar da previdência pública. A destruição dos direitos é uma estratégia do capital para maximizar seus lucros”, atacou.
Exemplos de iniciativas interessantes que estão acontecendo, como a plataforma de luta que está sendo trabalhada com a Confederação Sindical das Américas, foram ressaltadas pelo sindicalista. “O que unifica a ação é a construção de um outro modelo de desenvolvimento e portanto, uma nova forma de produção e consumo. Precisamos de um modelo de desenvolvimento diferente, com novas prioridades, que não só pense na exportação de matéria prima, mas também se dedique à ciência, à tecnologia e à inovação”, concluiu.
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