Teve início na manhã desta quinta-feira (9), no Rio de Janeiro, o curso Os Desafios para a Intervenção Política e Sindical: Teoria e Prática. Organizado pelo escritório de advocacia Garcez, o encontro de dois dias é voltado a trabalhadores e sindicalistas e debate questões da conjuntura atual e também formas de mobilização diante da pauta de retrocessos. A relação de palestrantes inclui advogados, especialistas em direitos trabalhistas, representantes de movimentos sociais e também convidados internacionais.
O encontro foi aberto pelo Coordenador Geral do escritório e do curso, o advogado Maximiliano Garcez, e pelo Coordenador do Setor de Consultoria Sindical da Advocacia Garcez e Coordenador Técnico do curso, advogado Paulo Yamamoto, que expuseram aos presentes a programação e a dinâmica do evento.
“Estamos vivenciando tentativas incessantes de retiradas de direitos. Esse curso marca o início da nossa parceria com combativos e reconhecidos escritórios de advocacia sindical de Bogotá, Buenos Aires, Cidade do México e Montreal, que representam movimentos populares e sindicatos em países que têm enfrentado desafios semelhantes. Queremos fortalecer nossa ação para garantia dos diretos sociais”, explicou Maximiliano Garcez. “Temos o objetivo de analisar quais as práticas têm sido exitosas, trocar experiências sobre o que tem dado certo na resistência neoliberal na América Latina”, complementou Paulo Yamamoto.
Presente na mesa de abertura, o presidente da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), Clóvis Nascimento, afirmou que o Brasil vive uma crise sem precedentes na sua história e um curso de formação política contribui para a resistência. “Nós do movimento sindical temos preocupações com a retomada do desenvolvimento do Brasil, não compactuamos com golpistas, queremos eleições livres e esse curso vai contribuir para que as pessoas possam aumentar sua gama de informações e para que a resistência se fortaleça cada vez mais”, resumiu.
Experiência colombiana
Primeiro painelista do curso, o advogado de entidades sindicais e movimentos populares na Colômbia, Ricardo Ruiz Vallejo, fez uma explanação sobre a conjuntura no seu país. “Na Colômbia temos um modelo sindical obsoleto, sem força e sem instrumentos de negociação coletiva. A situação se agrava pelo fato de somente 3% dos trabalhadores serem sindicalizados, uma das piores taxas de sindicalização do mundo. Temos uma das mais baixas capacidades do planeta de organização sindical”, informou, durante o painel A luta sindical diante de empresas multinacionais – O Acordo de Paz na Colômbia na visão do movimento sindical.
Vallejo fez uma análise sobre o avanço neoliberal no mundo e, mais especificamente, na América Latina. Ele defendeu a necessidade de se pensar a criação de mecanismos transnacionais de negociação. “O enfrentamento a essa situação depende de uma planejamento dentro dos sindicatos, da criação de redes sindicais nacionais, da identificação clara das limitações do sistema sindical de cada país. A partir dessas análises criticas dos sistemas de representações dos trabalhadores e de negociação coletiva, devemos formar equipes de advogados de demais países com causas comuns aos trabalhadores para que se atinja um sistema de representação e negociação coletiva de caráter transacional”, destacou.
Vallejo concluiu sua participação insistindo na necessidade de uma plataforma política e ideológica comum que fortaleça sindicatos e associações de trabalhadores para enfrentamento aos retrocessos. “Necessitamos de solidariedade, intercâmbio e de uma plataforma comum aos trabalhadores do mundo diante do avanço neoliberal.”