“E esse governo é especialmente um governo contra as mulheres”, avalia o advogado Maximiliano Garcez

Durante sua participação no programa TV Secor, do Sindicato dos Comerciários de Osasco e Região, transmitido ao vivo pela TV Osasco, na Grande São Paulo, o advogado especialista em direito trabalhista e sindical, Maximiliano Nagl Garcez, da Advocacia Garcez, foi enfático ao recomendar aos trabalhadores que mantenham a vigilância constante na questão da formar da previdência. “A declaração dos golpistas de que a reforma da previdência estaria retirada em 2018 não dá para confiar”, afirmou.

Garcez ressaltou que 2018 é um ano eleitoral e que “há um sério risco do tema voltar em novembro, com um Congresso com pouca legitimidade, com deputados que não foram reeleitos ou aqueles que foram reeleitos sem preocupação com o eleitor”, avaliou.

Diante da proximidade do dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, advogado lembrou que a proposta da reforma é especialmente cruel com as mulheres . “E esse governo é especialmente um governo contra as mulheres, pela própria composição desse ministério, cheio de denunciados e pessoas inadequadas para a posição, com pouquíssimas mulheres — quando começou o governo não havia nenhuma —  e ataques a uma série de programas sociais que tenha ênfase nas mulheres”, disparou.

O advogado ressaltou que mesmo na reforma da trabalhista já aprovada, também o efeito é pior sobre as mulheres, com trabalho intermitente, terceirização entre outras medidas. “Não é à toa que saiu matéria ontem mostrando que as poucas vagas que tem sido criadas no Brasil tem sido preenchidas por homens brancos”, analisa.

A luta contra a precarização do trabalho nas grandes redes

Durante o programa, ao lado do vice-presidente e primeiro secretário do Secor, Luciano Leite, Garcez falou de diversas ações em que a Advocacia Garcez tem sido parceira de ações dos sindicatos. No caso dos comerciários de Osasco, o escritório consolidou uma nova modalidade de ação coletiva contra abusos por parte dos empresários, assédio moral, demissões injustificadas, sem pagamento de verbas rescisórias e desrespeitando os direitos dos trabalhadores. Segundo ele, o problema tende a ser maior nas grandes redes de hipermercados e multinacionais.

Luciano Leite, diretor do Secor, ressaltou que já ouviu de representantes do sindicato patronal a disposição de passar por cima de questões como a jornada de trabalho e pagamento aos feriados assim que expirar a atual convenção coletiva de trabalho. “Essas grandes redes tem uma sensação de impunidade impressionante”, avalia Garcez, que recomenda uma atitude consciente dos consumidores no sentido de estimular a o comércio local e punir, com a redução do consumo em grandes redes, a exploração dos trabalhadores. de fornecedores e produtores que, segundo ele, são grandes prejudicados pelas grandes corporações.

Garcez acredita que a precarização das relações de trabalho é um processo que prejudica o próprio interesse de longo prazo dos setores produtivos e dos empregadores. “Estão matando a galinha dos ovos de ouro”, disse, falando sobre a redução do poder aquisitivo dos brasileiros, da redução da capacidade de qualificar os trabalhadores e precarização da sua condição de vida, “em troca de uma economiazinha de curto prazo” que, segundo ele, diminui a capacidade tecnológica do Brasil e seu potencial de competir em grandes mercados capitalistas.

Privatização do setor elétrico no Brasil: pior que Trump

Outro tema abordado por Maximiliano Garcez no programa TV Secor foi a luta em defesa das estatais, sobretudo no caso da Eletrobras, responsável por um terço da distribuição elétrica no país. A Advocacia Garcez tem atuado fortemente em processos movidos por sindicatos de trabalhadores eletricitários no país todo, buscando maneiras de impedir a privatização do setor elétrico.

Neste campo, segundo ele, “o governo ilegítimo de Temer (…) está cometendo um crime, não contra os trabalhadores especificamente, que também vão sofres, mas contra toda a população mais humilde, com as tarifas que vão aumentar, a qualidade dos serviços que inevitavelmente cai com a privatização”. Ele comparou com o setor de telefonia, que faz do Brasil campeão em preços de tarifas e formação de oligopólios.

“Esse governo está conseguindo ser pior do que o Trump”, disse, destacando que o governo dos Estados Unidos proibiu a venda de ativos estratégicos a empresas de capital chinês e o Brasil, na contramão, está vendendo suas estatais a preços irrisórios.

Além de Maximiliano Garcez, acompanharam ao vivo o programa os advogados Felipe Vasconcellos e Paulo Yamamoto, da Advocacia Garcez, e os diretores Carlos Alberto (Arruda) e Edson Bertoldo, do Secor.