8M – Dia Internacional das Mulheres
Por Juliana Alice Fernandes Gonçalves e Cassia Ribeiro
Advocacia Garcez
O Dia Internacional das Mulheres, celebrado no 8 de março, é um marco não apenas para lembrar as conquistas da luta feminina e feminista, mas também para reforçar a urgência da continuidade dessa batalha. Em 2025, celebramos marcos históricos essenciais para os direitos das mulheres, como os 50 anos da I Conferência Mundial sobre a Mulher no México, os 30 anos da Declaração e Plataforma de Ação de Beijing e os 25 anos da Resolução 1325 da ONU sobre mulheres, paz e segurança. São conquistas que não apenas representam vitórias importantes, mas também refletem a luta incansável das mulheres, de seus movimentos e das instituições que se alinharam à causa. No entanto, como em toda grande luta, os desafios permanecem, especialmente no que diz respeito à busca pela plena igualdade de gênero.
A luta e os movimentos de mulheres também devem ser entendidos como resistência contra as estruturas patriarcais que ainda dominam muitos aspectos no contexto brasileiro e mundial. Essas estruturas não são apenas culturais, mas políticas e econômicas, sustentadas por um sistema que historicamente marginaliza as mulheres, e, no cenário específico brasileiro, principalmente as negras, periféricas e indígenas. Além disso, as mulheres têm que lidar com uma sobrecarga de responsabilidades, muitas vezes conciliando o trabalho profissional com as tarefas domésticas e cuidados familiares. A própria política, dominada por uma estrutura desigual, exige que as mulheres se adaptem a normas de liderança tipicamente masculinas, o que pode diminuir suas possibilidades de atuar de forma autêntica e transformadora. A resistência, nesse contexto, é um exercício constante de redefinir os espaços de poder.
A data tem suas raízes profundamente ligadas à luta das mulheres trabalhadoras, especialmente no movimento sindical. No início do século XX, mulheres operárias, como as que estavam em greve em Nova York em 1908, enfrentavam condições precárias e reivindicavam melhores salários e direitos trabalhistas. O movimento sindical teve um papel fundamental nessas conquistas, mobilizando e organizando as trabalhadoras em busca de justiça social. Muitas das vitórias que hoje celebramos, como o direito ao voto e melhores condições de trabalho, foram fruto dessa união. A data é um lembrete de que a luta por igualdade e direitos das mulheres continua, e que o movimento sindical segue sendo essencial para a manutenção e avanço desses direitos.
O 8M deve ser uma oportunidade para refletirmos sobre as ameaças que pairam sobre os direitos das mulheres no Brasil e no mundo. A ascensão de movimentos conservadores e a crescente ofensiva de extrema direita têm mostrado a vulnerabilidade das conquistas feministas, especialmente em áreas como direitos reprodutivos e igualdade no mercado de trabalho. Em um cenário de polarização política, é imperativo que mulheres que ocupam espaços de poder se posicionem de forma firme em defesa de uma agenda feminista, garantindo que os direitos das mulheres sigam sendo uma prioridade na construção de um futuro mais justo e igualitário para todas e todos.
Desse modo, é imprescindível que toda a sociedade se empenhe, não apenas no mês de março, mas continuamente, para desconstruir o evidente abismo de violência e desigualdade de gênero que persiste. A advocacia tem o papel de buscar a concretização dos princípios de igualdade e não discriminação, que são a base dos fundamentos de nossa Constituição. Nós, da Advocacia Garcez, reafirmamos o nosso compromisso e responsabilidade na busca de verdadeira evolução social, até o dia em que tais violências deixem de existir e que os direitos já conquistados sejam materializados.